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ESMO 2012 confirma a duração de 1 ano de trastuzumabe adjuvante para pacientes com câncer de mama precoce HER2 positivo

Dr. Evandro de Azambuja, MD, PhD, diretor médico do centro de dados BREAST no Instituto Jules Bordet (Bruxelas) comenta sobre as principais novidades do tratamento adjuvante para pacientes com câncer de mama precoce HER2 positivo apresentadas na ESMO 2012

Enviado dia 10/09/2013 às 12:41:02

 

ESMO 2012 confirma a duração de 1 ano de trastuzumabe adjuvante para pacientes com câncer de mama precoce HER2 positivo.

Evandro de Azambuja, MD, PhD

O câncer de mama é o tipo mais frequente de câncer em mulheres no mundo todo. Aproximadamente 15-20% de todos os cânceres de mama expressam ou possuem a amplificação do gene HER2. O câncer HER2 positivo possui um carater mais agressivo mas, felizmente, existem medicamentos específicos para o mesmo, como é o caso do trastuzumabe, um anticorpo monoclonal que se liga à porção externa do receptor HER2 das células cancerosas.

 
     Desde 2005, 1 ano de trastuzumabe adjuvante (utilizado depois da cirurgia curativa) administrado após ou concomitante com a quimioterapia passou a ser o tratamento padrão para mulheres com câncer de mama HER2 positivo com linfonodos axilares positivos (independente do tamanho tumoral) ou com mais de 1cm se linfonodo axilar negativo. Os resultados de diferentes grandes estudos de fase III comparando trastuzumabe versus não trastuzumabe (observação) apresentados em 2005, mostraram uma redução do risco de recidiva (da doença retornar) de aproximadamente 40% e uma redução do risco de morte devido ao câncer de mama de aproximadamente 30%.
 
     Entretanto, algumas questões permaneceram abertas, em particular sobre a duração do tratamento com trastuzumabe adjuvante: 1 ano foi uma duração empírica utilizada em quase todos os estudos mas um pequeno estudo Finlandês mostrou que com apenas 9 semanas de trastuzumabe, também haveria um beneficio do mesmo. Esses dados levantaram muitos debates, pois o custo do tratamento é oneroso e existe um risco de perda de função cardíaca com o tratamento, a qual é reversível na grande maioria dos casos quando o trastuzumabe é suspenso.
 
     Este ano, durante o congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO 2012) em Viena, Austria, dois importantes estudos com trastuzumabe adjuvante foram apresentados: HERA (Herceptin Adjuvant) e PHARE (Protocol of Herceptin Adjuvant with Reduced Exposure). Ambos estudos analisaram a duração do tratamento: 2 anos ou 6 meses comparado com o padrão de 1 ano (www.esmo.org).
 
     O Estudo PHARE é um estudo de não-inferiodade comparando 6 meses versus 1 ano de trastuzumabe adjuvante admnistrado concomitante ou em sequência à quimioterapia. Esse estudo incluiu 3380 pacientes e não demonstrou que 6 meses é não-inferior a 12 meses e os autores concluiram que 12 meses (1 ano) de trastuzumabe deve permanecer o tratamento adjuvante padrão para mulheres com câncer de mama precoce HER2 positivo.
 
     O segundo estudo, HERA, é um estudo de fase III que incluiu 5102 mulheres com câncer de mama precoce HER2 positivo, as quais foram randomizadas para um dos três braços do estudo: trastuzumabe por 1 ano, 2 anos ou não trastuzumabe (observação) após a quimioterapia adjuvante. Esse foi o único estudo que testou uma duração mais longa de trastuzumabe adjuvante: 2 anos versus 1 ano. Nesse estudo, a taxa de recidiva e morte foram similar nos dois grupos e os autores concluiram que, neste momento, 1 ano de trastuzumabe adjuvante deve permanecer o tratamento padrão para mulheres com câncer de mama precoce HER2 positivo. Também importante, foi a atualização dos resultados apresentados em 2005 da comparação de 1 ano de trastuzumabe adjuvante versus observação (não trastuzumab) com um seguimento médio de 8 anos. Os autores demonstraram que existe 24% de redução do risco de recidiva e 24% de redução do risco de morte nas pacientes tratadas com 1 ano de trastuzumabe comparado com observação. O estudo HERA também demonstrou que o risco de desenvolver uma toxicidade cardiaca permanece baixa após 8 anos de seguimento, dado que é extremanente importante para nossas pacientes visto a intenção curativa desse tratamento.
 
     Mensagens importantes da ESMO 2012:
  1. 1 ano de trastuzumabe adjuvante deve fazer parte do tratamento das mulheres com câncer de mama precoce (linfonodo negativo e tumores de mais de 1 cm ou linfonodo positivo independente do tamanho tumoral);
  2. O beneficio de 1 ano de trastuzumabe adjuvante permanece com um seguimento longo de 8 anos;
  3. O risco de toxicidade cardiaca permanece baixa para pacientes tratadas com 1 ano de trastuzumabe adjuvante.

     Assista sua aula on line: http://www.youtube.com/watch?v=6a0Wg2xOfdQ&feature=relmfu

     Sobre o autor:
 
     Evandro de Azambuja é médico oncologista Brasileiro morando na Bélgica desde 2003. Dr Evandro é o diretor médico do centro de dados BREAST no Instituto Jules Bordet (Bruxelas) e é responsável pela conduta de diferentes estudos em câncer de mama incluindo o estudo HERA.
 
     Evandro de Azambuja nasceu em Caxias do Sul (RS) e mudou-se para Porto Alegre (RS) em 1984, onde fez faculdade de medicina pela Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), especialidade em Medicina Interna e Oncologia Médica no Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA), e mestrado e doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O mesmo é autor de várias publicações em diferentes revistas de oncologia e medicina, bem como capitulos de livros e membro participante de vários guidelines em oncologia e sociedades como ESMO, ASCO (Sociedade Americana de Oncologia Clinica) e SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica).

 
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